CARNE DE PESCOÇO

12 janeiro 2010

Os adoráveis Hippies de fim de semana do Mundo Novo


O festival era de hippies, praticantes e não praticantes, com mais de algumas mil pessoas. Nos altos falantes espalhados pelo campo rolava o som de rock entremeados com falas de locutores nitidamente entorpecidos. E o locutor narrava as informações, anúncio da próxima música, da próxima banda que tocaria nos palcos, de alguém que se perdeu, idéias lúdicas que lhe ocorriam (e o senso de julgamento lhe faltava) então bradava em voz certeira, mas o mais bacana eram os achados e perdidos. Buscavam-se máquinas fotográficas perdidas, filhos perdidos, carteiras, documentos, bonés, tangas, calção de banho, rabo quente, lâmpada e eram muitas as coisas perdidas. Algumas coisas os locutores se recusavam a pedir como a carta de reis de espada de um baralho vermelho a latinha de brahma que estava pela metade. Então, chega um magrão, triste pela perda do chinelo havaiano azul, velho amigo seu. O locutor ficou na dúvida se era motivo ou não para anunciar, mas empolgado pelo teor alcoólico no sangue empostou sua voz em todos os auto-falantes, “senhores e senhoras deste belíssimo festival, gostaria de anunciar a perda de um par de chinelos havaianas, de cor azul, número... númerooooo...”, 38 disse o magrão, “...triiiiiinta e oito. Quem encontrá-lo, por favor traga-o para a rádio para que possamos reintegrá-lo ao corpo de seu dono”. Bom, estava anunciado. Embora desacreditasse que alguém recuperaria o chinelo, por não achá-lo, por não pegar em chinelos ou até por ser havainas, nem se sabiam se eram verdadeiras. Enfim agora só restava contar com o espírito hippongo que pairava em todos, até mesmo na tia que estava lá só pra limpar os banheiros... Não chegou há passar 3 minutos, surge um solícito “brow” com um havaiana, preta, número 40, apenas um pé, com as tiras inteiras, mas furado no calcanhar, sujo, encardido, que nem mesmo o próprio dono poria a mão, perguntando se era esse o chinelo, “cara dei uma olhada em volta e achei esse enterrado na lama, pensei vamos nos ajudar, o mundo tem que mudar... não é, Cara é esse ai?”.

PS: A foto é de Geovani Paim

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12 dezembro 2008

Experiências

Ela desceu do ônibus, feliz pelo fim da viagem, chacoalhando por horas numa poltrona desconfortável. A rodoviária era suja e o populacho se fazia presente de forma imperiosa em cor e cheio naquele calor de 33 graus. Por um milésimo de segundo pensou que ele poderia estar esperando-a lá, talvez com um sorriso no rosto. Não estava nada combinado, ele não estava lá, nem estaria.
Pegou sua mala, desajeitada e foi caminhando para o que acreditava ser a saída daquele lugar. A forte luz do dia a cegou por alguns segundos e então ela pode ver a beleza paradoxal daquela cidade, o Rio de Janeiro. Pegou um táxi amarelo e ordenou,
-Copacabana, rua dos Moraes, paralela a Princesa Isabel, quase no Leme. O motorista mal respondeu, resmungou algo sobre o transito e partiu. Ela olhava pela janela, mordendo o lábio inferior num misto de entusiasmo pela cidade e pela aventura e o medo de ser ferida na alma. Pela beira-mar viu o posto 9, Ipanema, Leblon, o Arpoador e enfim Copacabana. Imaginou aquilo inundado de gente no célebre show dos Rolling Stones no ano-novo de 2006, imaginou aquilo inundado de figuras de livro vivendo Copacabana de 1968, imaginou Capitu, com seus olhos de cigana dissimulada, olhos de ressaca, tomando banho naquelas águas no século IX.
Em tempo, o taxista percebeu que se tratava de uma bela fêmea, ela tinha longos cabelos dourados (loiro com luzes), um rosto angelical, um pequeno e simétrico nariz com charmosas sardas discretas, olhos que variavam do mel ao verde claro, um boca com desenhados lábios ligeiramente saltados e, principalmente, vestia uma mini-mini-saia, que embora cobrisse o que devia no seu jeito correto de se sentar, dava assas a imaginação. Puxou conversa – Não é do Rio não? – Não, moro em São Paulo, mas sou do sul. –Vem a trabalho? Para esse congresso grande que está tendo? – Não, vou visitar uns amigos, só o final de semana. Evitou ficar falando com o motorista, um senhor quase calvo, magro, longos bigodes, óculos escuros estilo “Chips”, camisa aberta, correntinha do Flamengo. Quando desceu e foi em direção ao prédio da sua amiga o taxista pensou – Que belo ganha-pão que essa galega tem!
Subiu por um velho elevador barulhento, daqueles que se tem que abrir manualmente a porta pantográfica, até o sexto andar. Sua amiga não estava em casa, mas deixou a chave. Ela entrou, o apartamento reformado, muito bonitinho, como ela gostaria de ter um para si mesma. Decoração padrão, dessas que a gente encontra em lojas chiques de móveis, entremeada com belas peças e fotos de muito bom gosto. Sentiu-se a vontade, pegou uma cerveja na geladeira, um bilhete da amiga falava que sua merca preferida estava gelada. Estava com saudades da companheira de farra do passado, uma pessoa inteligente, brigando para lidar com as conseqüências de suas decisões burras, como todos nós. Pegou um baseado na bolsa e fumou muito pouco, para relaxar. A amiga chegaria logo, mas ela estava preocupada mesmo com ele. Deveria ligar agora? Havia combinado há dias de vir ao Rio para vê-lo. Haviam se conhecido no Rio mesmo, numa festa de outros amigos. Olharam-se, cheiraram-se, e estava decidido, só iam parar com o nascer do sol. Porém, a coisa foi além, quase até o pôr-do-sol seguinte, despediram-se jurando um novo encontro. Ela veio ao Rio, confusa, excitada, esperançosa, relaxada.
Ligou, ele não atendeu. A amiga chegou, abraçaram-se como ambas estavam precisando desse abraço há muito tempo. Conversaram confusamente sobre tudo ao mesmo tempo, sempre sorrindo, quase lacrimejando. A amiga perguntou do compromisso, ela respondeu que ainda não marcou nada com ele, um pouco embaraçada pelo fato dele não ter atendido o telefone. A amiga insistiu numa caminhada na praia nas horas finais de sol do horário de verão. Fumaram o resto do baseado e saíram de braços dados.
Caminharam de mãos dadas até depois do Copacabana Palace sem prestar muita atenção em nada, ligeiramente entorpecidas, como se soubessem que ambas possuíam toneladas sobre os ombros, atrás da máscara de beleza e felicidade jovial. A amiga era linda, muito alta, magra, testa arredondada, assim como as maçãs do rosto, olhos verde piscina, cílios longos, nariz quadrado, arrebitado, pequeno, quase uma capa de revista feminina, inclusive trabalhava como modelo. Seu único dom era a beleza, dizia, só precisava ser promovida de “mulher bonita em eventos” para modelo me moda... não estava sendo fácil.
Pararam na beira da praia, sorrindo, tomaram água de coco, e voltaram a falar da vida, das dificuldades, da razão de tudo aquilo, das diferenças sociais, do azar de ter nascido no país errado, com o sobrenome errado, com os dons errados... - Porra, amiga, disse ela, você é linda de morrer, todo mundo te adora. – Grande merda, porra, respondeu a amiga, eu nem sei falar inglês direito, sei nada além de ficar parada sorrindo, nem foder eu sei se fodo direito, pois os caras nem falam mais comigo depois que gozam, porra. Ninguém dá chance, eu não tenho os contatos, eu não passei para a lista das “aceitáveis” que podem eventualmente ser apontadas para algo melhor e começar algo, uma carreira, sei lá. Fico no limbo, bonita e comível, paga as contas. Não sou puta, não sou sacana, trabalho duro, mas não vai, não vai... lacrimejava.
Ela olhou a amiga com ternura, dentro de outro contexto sentia a mesma coisa, estava no Rio, atrás de um cara, e nem sabia bem o porque. Lembrou duma frase do Quintana: “jovem, a vida é bela e anda nua, vestida apenas com os teus desejos” e se pergunta... ainda é jovem?? Vestiu direito com os desejos certos sua vida nua? A finitude da vida nos faz encarar o abismo... lembrou de Time do Dark Side Of The Moon do Pink Floyd, outra ode a perda do precioso tempo da vida.... A amiga agora chorava copiosamente. Decidiu parar de pensar coisas tristes, levantou, chacoalhou a amiga, tirou a canga e foram exibir os belos corpos na praia. Deitaram e pegaram um restinho de sol que ainda conseguiu amornar docemente a pele clara das duas. Ela ligou mais uma vez para ele, nada, não atendeu. Voltaram gargalhando para o apartamento, já noite, perto de 21 horas. A amiga percebeu que ela não estava com nada oficialmente combinado com o tal cara, e como toda boa amiga não deixou a peteca cair, - Vamos no mais famoso sanduíche de pernil da Lapa, você vai adorar, o clima é ótimo, pessoal bacana, parte velha do Rio e perfeito para nossa larica, foda-se o regime. Pegaram um táxi e ficaram com conversa boba e gargalhadas espalhafatosas no banco de trás para o azar do motorista, agora um senhor idoso muito calmo. O sanduíche não poderia ser melhor, pão francês amanhecido, purê de batata, cortes finos de pernil com bastante molho gorduroso e uma coca-cola bem gelada. Um grupo de rapazes se aproximou. A conversa foi boa e ficaram interagindo por mais de uma hora.
Ela ligou mais uma vez, ele não atendeu. - Filha da puta, vim de São Paulo para ver esse merda e ele nem atende a porra do telefone, que mico que estou pagando! - Calma, disse a amiga, ou ele atende na próxima ou que se foda esse merda, tu tem o Rio de Janeiro todo pra ti. Ela ia começar a pensar nas possibilidades que o fizessem não atender o telefone, desde a mais branda até a mais dura, mas não quis perder seu tempo e decidiu ficar de boa, curtindo o bolo.
Decidiram sair dali, com o grupo de rapazes, e ir a outro bar escutar samba de raiz e MPB. Já bebiam caipirinha nessa hora, quase meia-noite, e ela resolveu ligar para ele mais uma vez. Nos últimos toques ele atendeu, - Querida, descuuuuulpa, estava com um puta problema por aqui, não deu para atender antes. Ela não quis parecer grosseira e cobrou pelo menos uma satisfação para não ficar preocupada, - Pô, você poderia ter mandado uma mensagem que estava ocupado, eu te esperava e não ficava preocupada. –Meu benzinho, desculpa mesmo, nem lembrei disso, estava só esperando resolver para te ligar, onde você está, vou te pegar. – Relaxa, deixa para amanhã, disse ela, agora já é tarde. –Não, insistiu ele, eu te pego onde você estiver, agora... Ela passou o endereço do bar, ele chegou em poucos minutos, cara de cansado, hálito de bebida, cheiro de cigarro nas roupas. A amiga disse, - Fica por aqui, não sai com esse babaca não! Mas ela não resistiu e saiu com ele. Lacônico, ele explicou confusamente o porquê da demora e também o porque não poderia demorar muito mais. Parou sem avisar num pequeno motel que tentava parecer de bom padrão, embora não fosse. Ela não teve tempo de argumentar, queria ver até onde aquilo tudo ia. Estava discretamente tonta, o que a deixava muitíssimo charmosa, algo desarrumada, cara de menina com personalidade, tudo o que um cara decente iria querer para uma relação interessante, profunda, prazerosa e bilateral. Mas não foi isso que aconteceu, transaram muito rapidamente, um pouquinho em cada posição, ela não curtiu em momento algum, e ele insistiu coercivamente para gozar na sua boca. De repente ela se viu num banheiro estranho, cuspindo porra estranha numa pia estranha. Olhou-se no espelho e, embora fosse ela, sentiu-se uma estranha para si mesmo. Voltou para o quarto, ele já estava vestido repetindo as desculpas de o porquê da pressa. Deixou-a na casa da amiga, que ainda nem tinha voltado do bar na Lapa e por fim explicou, também de forma confusa, porque não poderia vê-la amanhã. Talvez fosse a São Paulo no próximo mês e ligaria. Tchau!
Ela subiu os degraus da portaria, abriu e fechou a pantográfica do elevador, entrou no apartamento, sentou no sofá, colocou um DVD do Nirvana, fumou a ponta de um baseado e pensou. – Eu preciso ter uma filha para ensinar essa merda toda para ela.

10 julho 2008

O Egoísmo Salvador (homenagem aos 30 anos do "gene egoísta")

O egoísmo salvador

Não mexa nas minhas ferramentas! Não ouse mexer nas minhas ferramentas. As ferramentas são minhas, por direito ou por justiça, por merecimento ou por graça, mas são minhas. São as únicas coisas que tenho, são o que me mantém em pé. Sem elas não há sentido para a vida, pelo menos para o que o emaranhado gorduroso neuronal da minha cabeça conhece por vida. O cenário temporal, convencional, interativo tribal que conheço como existência nessa massa de substância orgânica que caminha pelas ruas. Matéria ou onda, filosofia quântica inútil, não mexa com as minhas ferramentas!
Só mantenho a unidade reconhecível desse punhado molecular baseado em carbono e hidrogênio como sendo eu, o eu que é determinado, por causa das minhas ferramentas. Não se atreva a pensar em mexer com as minhas ferramentas.
Se já te deixei invadir os mecanismos que suportam a maquinaria do meu ser, foi porque assim era necessário, alguma ferramenta clamava por essa invasão. Assim como ferramentas clamam por mais energia solar na forma de tecidos de outros seres vivos, assim com clamam por interação cooperativa entre seres semelhantes e aparentados, assim como clamam por segurança de poder e poder de segurança, assim como clamam por âncoras e delimitações sociais que criem identificação, algumas dessas ferramentas clamam por você. E você é um importante óleo que azeita as engrenagens da complexa cadeia de regulagem intuitiva que mantém agregada numa forma conhecida como vida, esse amontoado de energia e espaço vazio.
Mas você também tem as suas ferramentas, e quando as suas ferramentas não somente funcionam como uma interação sinérgica e com percepção positiva bilateral, mas começam a domar as minhas ferramentas... aí não, do not fuck with my tools!!
Como o fenótipo estendido dos genes dos insetos sociais que expressam em outros insetos as suas próprias intenções, usando a sua máquina, o seu esforço vital para o benefício unilateral, criando a submissão completa e a absurda economia de uma energia escassa, assim as ferramentas dos que nos cercam também o querem. De forma sutil a tentativa de mudar o clamor básico da identidade, filogeneticamente mantido há milhões de anos, altamente performático, é a primeira fase. A despersonalização abranda as bandeiras, a perda de identidade borra as fronteiras, o esquecimento dos clamores tão delicadamente criados e que mantiveram com sucesso a interação harmoniosa com o ambiente e a tribo causa atordoamento da guarda.
Assim as ferramentas ganham outro senhor, trabalham para outros fins, como insetos sociais escravizados. A sensação de culpa é a forma sensorial que muito ajudou a evolução humana para algo discretamente acima da besta, mas é essa mesma culpa que abre uma pequena brecha para o crescimento do fenótipo estendido de outrem para uso das nossas ferramentas.
Por isso, não venha me despersonalizar, não venha me tirar a identidade, não venha me causar esquecimentos e amortecimento. Usemos ambos nossas ferramentas, clamemos pelo que nos faz bem, busquemos a energia que nos mantém interagindo com o cosmos, em equilíbrio, em equilíbrio, em equilíbrio....

22 outubro 2007

With A Little Help From My Friends


16/10, 6:05h, Curitiba, Batel, na rua
Paulo André repassou todo o esquema com o magrão:
_ Magrão então você já sabe, às 6:30 o cara vai sair deste prédio com o um Chrysler, você vai estar passando de bicicleta bem na frente do carro e seja o que Deus quiser.
_ Mas doutor, o carro vai me atropelar.
_ É essa a idéia.
_ Vou me quebrar?
_ Olha, não sei mas estou pagando 300 pilas pra você adiantado... Você aquenta magrão. Eu sei que agüenta. Vai lá, não afrouxe!
_ Puts doutor... caraca... Ta, passa o dinheiro

16/10, 6:22h, Curitiba, Batel, dentro do apartamento
Gutamir Buchell lava os dentes rapidíssimo pra tirar o gosto do Nescau maquinalmente e pensa que a metódica aventura de ser o melhor médico intensivista de Curitiba já estava ficando monótona. Hoje a coisa tá apurada, teria que passar cedo no Hospital, chegar no máximo às 7:15h pois é de boa reputação chegar mais cedo no plantão que só troca às 8h, depois correr pra tomar café com dois ex-chefes de São Paulo que estão visitando Curitiba, e então chegar até às 9:30h pro chekin no aeroporto em Pinhais. Viajaria pra aqueles congressos que o laboratório pro qual trabalha paga tudo, Berlin mais uma vez, falar sobre coisas que vem pra revolucionar o mundo e encher o bolso dos laboratórios de dinheiro. Embora, às vezes, ainda faiscavam pensamentos que o que mais revolucionaria seria esgoto e água potável pra todos, mas isso é pra políticos e não tinham mais espaço em seu cérebro de astronauta libertado.
Às 6:30 arranca o carro pra fora da garagem e páá.. Atropela um ciclista! CACETE! Cacete não, puta queo pariu!
Seu instinto humano aflora no misto com indignação. Corre pra fora da Chrisler, vai de encontro com o ciclista que berra de dor:
_ Calma cara, calma, eu sou médico, deixa ver... calma, é só a perna quebrada.
Liga pra ambulância, liga pra um amigo ortopedista, liga pros familiares do infeliz ciclista. Pronto em menos de 50 minutos ta tudo resolvido.
Será que dá tempo? Puts, o trânsito já começou a ficar cheio, do batel pro hospital, esqueça os ex-chefes de São Paulo, passa visita nos pacientes, o dobro de problemas costumeiros. O ortopedista volta a ligação dizendo que a cirurgia vai ser simples, mas o ciclista insiste em querer conversar com o cara que atropelou ele. Nem pensar, que se dane! Mas já perdeu tempo só em explicar.
16/10, 9:32h, Curitiba, Centro, sentido pinhais, no semáforo.
Já bateu umas 12 vezes no volante muito brabo.
_ Vamo! Vamo, caralho!
16/10, 10:17h, Curitiba, Avenida das Torres, sentido pinhais, um acidente para a pista.
Já bateu umas 87 vezes no volante e agora ri, tranqüilo.
_Não vou pra Berlim e que se dane...
Volta pra casa, pensando em escutar uma música relaxante e como vai explicar pros chefes que perdeu o avião.
16/10, 20:12h, Curitiba, Batel, dentro do apartamento
No telefone:
_ Paulo André?
_ Faaaaala Gutamir Bichell, você não falou que iria pra Berlin?
_ Nem fale, atropelei um ciclista hoje e tudo deu errado. Aliás tudo não... vou acabar aceitando o convite pro teu aniversário, é hoje não é?
_ Mas claro meu chapa. Que surpresa agradável. Venha já pra cá, e não esqueça de trazer a sobremesa.

17 setembro 2007

na varanda da minha mente


já acho que não há mais tempo pra mim
pois almejava grande feito nesta terra
e os astros não conspiram, nem conspirarão
pra que eu possa parir o que meu peito encerra

grávido estou de idéias e palavras
mas precinto que será um feto morto
pois de meu ventre não sairá se não houver
aconchego entre amigos no esperado parto

já sei que os comparsas procuram o ouro
não são obscecados, muito menos ambiciosos
são somente peças do mercado
buscando seu parco espaço no meio desastroso

gestando o meu elã, também me perdi
o advento do advento, que não chega, que não sente
com lampejos do mundo que sonhava cada vez mais distante
mais utópico, ultrajado, vergonhoso, adolescente

então feri meus princípios e maculei o venerável
agora pra suportar o feto morto
tenho taças pra anestesia confortável
e perambulo na varanda da minha mente de ogro

23 junho 2007

Quem sou?

Não sei quem sou.
Sou eu?
Dizem quem sou eu.
Me cobram,
Me forçam,
Me fazem sofrer.
Onde estão as respostas?
Esta no vento,
Esta na noite,
Esta no rio...
Esta na volta.
Ela é amarga.
Talvez não devia.
Mas quem sou eu?

03 junho 2007

Do Bau do Tonhão

Vocês conhecem aquela do pintinho que só tinha uma pata, foi se coçar e caiu?

Nada Mudou.

Nada mudou.
Eles estão aí.
Muitas festas
Muitos Sky
Muitos drogs
Mas ainda estão aí.
Que faço amor?
Mudou a música,
Trocou a arte.
Penso em ti,
Nada mudou.
Muitos caminhos
Todos levam,
Poucos trazem.
Que horror.
A vida mudou.
Não mudou.
Eu mudei.
Você mudou.
Eles estão aí.

O Caminho do Coração.

Caminhos são caminhos. Uns levam ao mato; outros saem do mato...Aguns levam as cidades, outros saem...Você não tem explicações nenhuma a dar a ninguém qual o caminho que quer seguir. Pode seguir, desistir ,voltar,quantas vezes puder ou quiser, mas todas às vezes que seguir um caminho, pergunte a você, só a você, este caminho têm coração? Se tiver siga-o.
Se não tiver, desista.

02 junho 2007

PEQUENA história devida…

Era uma vez um rapaizinho tímido chamado Nicanor.
Nos dias frios usava suéter de gola rolê , polainas e alpargatas...
Nas noites de verão cheirava éter, escutava Floyd e subia no terraço pra ver estrelas.
Seu maior sonho é ver um disco voador.

Fim